terça-feira, dezembro 25, 2007

A gastronomia em 2007

A gastronomia brasileira ferveu em 2007 aquecendo o setor de alimentos e bebidas e outros mercados como livros, filmes, internet, jogos, cursos, moda, teatro e etc. A comida inspira, reinventa, agrega, sociabiliza e serve de ponto de partida para entender a sociedade, sua história, cultura, as tendências de consumo e os conflitos. No cinema, a gastronomia foi tema do filme Ratatouille, da Disney, que mostrou a tensa relação entre a crítica especializada e os chefs de cozinha. Outro lançamento foi a refilmagem de Simplesmente Marta na versão Sem Reservas com Catherine Zeta Jones e Aaron Eckhart. E o cinema nacional ganhou também o primeiro longa-metragem sobre comida intitulado Estômago, de Marcos Jorge, vencedor do Festival de Cinema do Rio. Na internet, o site Cybercook completou dez anos e conquistou o Prêmio Abanet/IAB 2007, na categoria Projetos Especiais/Networking.

O case União sobre a rede de relacionamentos lançada este ano, em abril, já conta com mais de 100 mil usuários. Outra tendência são as lanchonetes virtuais que vêm movimentando os cenários e enredos de games para computador. Na web é possível encontrar versões gratuitas, como o Burger Queen, Burger Restaurant, Burger Island e Burger Shop. O universo dos vinhos caiu no gosto das redes sociais na internet. Enólogos internautas criaram, pelo menos, cinco sites especializados da bebida.

O Snooth, por exemplo, acaba de receber 1 milhão de dólares em investimentos para impulsionar o serviço, que reúne mais de 500 mil rótulos. Na literatura, a editora Senac lançou 13 títulos durante a Bienal do Livro, que aconteceu em setembro no Rio de Janeiro. Destaque também para o recém-lançado Larousse da Gastronomia Brasileira, que faz um recorte da gastronomia nacional a partir das festas populares. No segmento de eventos destinados discutir a comida sob o viés cultural, a Universidade Federal do Paraná realizou o evento Saberes e Sabores, que reuniu acadêmicos de todo o Brasil para apresentar pesquisas sobre a História da Alimentação.

Outro evento relevante foi o Terra Madre, organizado pelo movimento Slow Food, que pela primeira vez realizou o encontro fora da Itália. A gastronomia brasileira também recebeu nomes de peso do cenário internacional como o cientista Hervé This. A visita movimentou um público de mais de 1200 pessoas em São Paulo e resultou no lançamento de três edições da revista Scientific American sobre A Ciência na Cozinha. Para o sociólogo Carlos Alberto Dória, que coordenou a visita de This, o evento foi importante para superar preconceitos decorrentes da desinformação. “No Brasil, temos cultivado o hábito de analisar a culinária mais pelo lado cultural, identitário, do que pelos processos fisico-químicos, pela transformação puramente material.

O Hervé demonstrou uma maneira de raciocinar sobre o que se passa na cozinha à qual não estamos acostumados e em relação à qual carecemos, ainda, de uma bibliografia mais extensa”, explica. Segundo o sociólogo, This não é um cozinheiro e não pratica uma gastronomia "moderninha", tecnificada. “Ele é um cientista e seu trabalho é de divulgação de idéias científicas”, destaca. E ficou claro que, trabalhando com o cérebro mais do que com equipamentos, é que nasce a inovação, a criatividade ganha ao nos tornarmos mais "livres" em relação aos processo que ignoramos”, finaliza.

Outra visita importante foi a do chef Alain Ducasse que vai abrir o Centro Alain Ducasse Formation (ADF) em parceria com a Universidade Estácio de Sá, em São Paulo. No Rio de Janeiro pela primeira vez, ele foi recebido com um jantar especial pelo chef Roland Villard (Le Pre Catelan), que será o responsável acadêmico do projeto. “Este curso traz a tradição da mais importante escola francesa do mundo, unindo formação e qualidade”, diz o chef francês.

A jornalista Guta Chaves e a historiadora Dolores Freixa destacam os prêmios internacionais e a inclusão de um restaurante brasileiro no ranking dos melhores do mundo. O Brasil foi medalha de bronze no concurso latino americano Azteca 2007 e o restaurante DOM, de Alex Atala, ocupa a 38ª posição do World's 50 Best Restaurants. “Acreditamos que foi um grande ano para a Gastronomia Brasileira, que conta hoje com importantes chefs de todas as regiões do Brasil, defendendo e valorizando a gastronomia nacional. Além disso, cada vez mais se produz melhores cachaças e vinho nacionais de qualidade: este ano o Vale dos Vinhedos alcançou, em janeiro de 2007, a Indicação Geográfica, etapa anterior à Denominação de Origem”, enumera a dupla. A Associação Brasileira da Alta Gastronomia (ABAGA) acrescenta na lista a proposta de lei para regulamentação da profissão de cozinheiro, que foi enviada para votação na Câmara dos Deputados. “A regulamentação contribuirá para a melhoria do setor no Brasil e proporcionará uma base de conhecimentos fundamentados para os novos profissionais. Segmentos com os de enólogo e sommelier já tiveram suas profissões regulamentados e possibilitam aos profissionais desenvolverem mais plenamente suas carreiras”, justifica a organização em seu site.

Ano de Ouro - O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurante), Paulo Solmucci Júnior, define 2007 como o Ano de Ouro do segmento de alimentos e bebidas. “É a volta dos bons tempos com um crescimento expressivo”, comemora, dizendo que o setor cresceu, em média, 7% ; e alcançou um faturamento de 20% devido a retomada de emprego e renda. A organização comemora dois eventos importantes para a restauração. O primeiro é o festival Brasil Sabor com a participação de 1536 restaurantes de todo o Brasil e mais de 10 milhões de acessos no Portal Brasil Sabor. O segundo foi o festival Bar em Bar com a adesão de mais de 500 bares, apresentando a gastronomia de boteco.

Outra iniciativa é a campanha Porções de Harmonia que busca incentivar uma convivência amigável entre o bar e a sociedade através de sete regras. E ainda há um projeto em parceria com o Ministério do Turismo e o Sebrae para priorizar 65 destinos turísticos valorizando a gastronomia local. A lista é extensa e estes são apenas alguns exemplos de como a gastronomia movimenta diversos mercados gerando perspectivas de bons negócios, oportunidades e incentivo à cultura. A partir da comida como um patrimônio sustentável é possível estabelecer políticas públicas eficientes também. Há ainda muito trabalho a fazer e em contrapartida há diversos setores interessados em alavancar a gastronomia nacional. É questão de tempo, investimento e dedicação para este caldeirão entrar em ebulição e ganhar reconhecimento dentro e fora do país, respeitando e valorizando as regionalidades de cada canto do país. Viva a gastronomia nacional! Que 2008 seja um ano ainda mais apimentado.

fonte: www.malaguetacomunicacao.com.br

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